Por Ana Paula Punita Miranda

Quando um cliente me procura, como terapeuta de regressão, geralmente, inicio a sessão com uma entrevista, cujo objetivo é checar problemas recorrentes, e esclarecer que a técnica de regressão é usada como ferramenta, dentro de um processo terapêutico, e não apenas como mera curiosidade.
Em um segundo momento, peço ao cliente que relate a sua história pessoal, desde o nascimento, observando a ocorrência de doenças e perturbações emocionais, para que eu possa identificar fatos relevantes.
É bem possível que o cliente se veja em um corpo e com uma personalidade muito diferentes do seu eu. Seguindo os princípios do psicodrama, o cliente é encorajado a reviver, em sua plenitude, os momentos mais importantes e decisivos daquela outra vida, sejam eles quais forem, por mais confusos e incoerentes que pareçam ser. Ele é, então, conduzido até à consumação, para que esta memória seja revivida no nível da consciência física. Podem ocorrer sensações de dormência, calor, frio, paralisia, formigamento, ou sacudidelas, pois todas elas fazem parte do processo somático de liberação espontânea, ou seja, expressam a liberação da energia bloqueada, que estava associada a um trauma antigo. Trata-se do mesmo princípio usado, com êxito, em vítimas de neurose de guerra, segundo o qual só é possível se liberar de um trauma relembrado-o.Deitado, de olhos fechados, após um simples exercício de relaxamento, o cliente é encorajado a dizer tudo o que lhe vier à mente, tentando se manter aberto ao que vai ser mostrado em sua própria tela mental. Assim que as imagens, palavras, e sentimentos começam a se intensificar, sugiro a ele que os siga, para que qualquer história apareça, nesta ou em outra vida. Nessa situação, não importa a crença na reencarnação, deve-se deixar, apenas, que a história se manifeste, como se fosse real, durante o período da sessão.
É necessário, completar a recordação de uma história até a morte daquela personalidade específica, pois só assim, a sensação de consumação e de distanciamento é atingida. A transição da morte é uma chance para se livrar de pensamentos, sentimentos e dores. No período pós-morte – Bardo, definido pelos budistas tibetanos – é onde se tem a valiosa possibilidade de refletir sobre os temas da vida passada, e sobre os problemas que nela não foram resolvidos, integrando-os com maior consciência.
Há aspectos dolorosos e, às vezes até vergonhosos do eu, que terão de ser enfrentados. Na perspectiva Junguiana, digo que eles são chamados de elaboração da sombra, o que significa olhar para características desagradáveis, negativas, e não reprimi-las mais.
Em geral, trabalho cerca de duas horas para cobrir os três estágios do processo: entrevista, trabalho intensivo, reflexão e recuperação. Em seguida, estas vivências são incorporadas à terapia propriamente dita, com o intuito de se ter mais dados e maior proximidade dos temas abordados. Trata-se de um método bastante diferente de outros, que apesar de mais demorados, não conseguem envolver a pessoa em termos de experiências, ficando só no nível intelectual e interpretativo.
Acredito que a liberação mental, emocional e somática é absolutamente indispensável para o processo de cura completa.
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